domingo, 4 de novembro de 2012

Arte Africana




A produção estética dos africanos demorou um pouco para ser reconhecida e devidamente considerada, sofreu bastante preconceito e depreciação. Foi, por muito tempo, avaliada como objeto científico e que servia apenas a rituais e sacrifícios, sendo feita apenas de “ídolos toscos e disformes”.
No entanto, todas as sociedades possuem sua arte. Hoje, a arte africana é procurada por grandes colecionadores e apreciadores de arte, e suas técnicas milenares e formas sofisticadas são devidamente reconhecidas. Porém, o que cada máscara e estátua representava naquele ambiente de rochas, matas, fontes, palácios e templos, isso nunca mais poderá ser recuperado.
Em um primeiro momento, a arte africana representa os costumes das tribos africanas, sendo seu objeto de arte estritamente funcional, desenvolvido para ser utilizado na ligação ao culto dos antepassados e voltado para o espírito religioso. É uma arte fundamentalmente representativa.
Não se considera a arte africana uma arte primitiva. Existem peças datadas desde o século V a.C, mas muitos dados foram perdidos: objetos destruídos, queimados e fragmentados por conta do domínio ocidental e da moral cristã, durante o período colonial da África (1894-1960).
Mesmo assim, objetos que sobreviveram a este contexto contam muito de si mesmos por meio de suas texturas e volumes. São padrões e modelos que identificam sua origem, aparecendo também na arquitetura e na arte corporal. As estátuas revelam, por exemplo, os penteados nos cabelos das pessoas, aquele trançado que os identificava. Algumas delas representam sempre uma figura humanacom alguma parafernália de outro material vegetal, mineral ou animal, aludindo à consciência do Homem sobre a Natureza e sua relação direta com ela.
Os principais produtos artísticos oriundos da África são as máscaras e esculturas em madeira, objetos de forma angulosa, assimétrica e distorcida. Para o povo da sociedade africana, esses objetos eram sagrados, que traziam um espírito ancestral ou da natureza.
As esculturas africanas nada tinham de reais, muito pelo contrário. Formas verticais, tubulares e membros do corpo alongados, eram também consideradas sagradas e acreditava-se que podiam atrair a destruição ou distribuir bênçãos.


As máscaras eram utilizadas em celebrações rituais, intencionalmente não-realistas, pois acreditava-se que quem as utilizasse deveria esconder sua verdadeira identidade atrás deste rosto artificial.



Os pesos de ouro.

Existiu, na África Ocidental, um império chamado Império Ashanti. Foi um Estado pré-colonial que se enriqueceu com o comércio do ouro extraído do seu território. Hoje é a região de Ashanti, em Gana.
A cultura material dos ashanti é conhecida por su.a tradição na produção de figuras de metal, os chamados pesos de ouro, que eram fundidos pelo método da cera perdida. Essas peças não eram de ouro, mas sim de bronze ou latão e serviam como contrapeso para medir o pó de ouro. Tais peças são símbolos desta cultura e fazem parte de uma das produções tradicionais de arte africana.



Influências da Arte Africana:

No Brasil

No contexto do tráfico de escravos, trazidos da África para o Brasil pelos portugueses durante o período colonial e imperial, a arte africana chegou no Brasil. Alguns elementos artísticos africanos fundiram-se com aspectos artísticos e culturais dos indígenas, o que resultou em uma arte afro-brasileira.



Artistas Modernistas

*Pablo Picasso

Por volta de 1905, Pablo Picasso começou a desenvolver este estilo, quando fez uma visita a uma exposição de arte africana , no Museu do Homem de Paris. A independência da tradição europeia que caracteriza esta arte foi o que mais atraiu e inspirou o artista.
A magia que as máscaras carregavam e sua simplificação das formas tornaram-se referência para alguns artistas modernistas e em especial ao Picasso. Influenciado por elas, começou uma nova fase em suas obras, o que alguns estudiosos denominam de protocubismo (antecedente do cubismo).

Esta é uma máscara da cultura Fang, na qual é possível notar a ideia da simplificação das formas, ou seja, apenas elementos necessários para se obter um rosto. Um conceito fundamental, usado no cubismo.
“Senti que eram muito importantes. As máscaras não eram apenas peças esculpidas...eram magia” – Picasso

O quadro “Les Demoiselles d’Avignon” marcou a mudança de estilo de Picasso, nele a influência da arte africana está evidente. Foi o quadro que marcou a transição da fase de influência africana para o Cubismo propriamente dito.




É possível notar nas duas imagens à direita, os rostos semelhantes às máscaras. As cores utilizadas são predominantemente terrosas, forte referência às cores das máscaras africanas.
Nota-se, ainda, a pintura feita em planos irregulares e figuras distorcidas, aludindo às distorções do entalhe africano.


*Outros artistas

Braque, Cézanne e Matisse também experimentaram da cultura africana e a reproduziram em suas obras.


Na publicidade.

- Mc Donald's



O Mc Donald’s utilizou as máscaras africanas para suas propagandas da Copa do Mundo na África.


Além de banners e propaganda de revista, o Mc Donald’s utilizou os animais africanos representados em suas embalagens.


- Greenpeace

Picasso - Guernica


 - Logo Olimpíadas Rio de Janeiro.

A Dança – Matisse


Em Jogos de internet - Jogo Crash

Uma referência da arte africana no cotidiano infantil é no jogo Crash, um game de computador.
A máscara “Aku Aku” utilizada pelo personagem do jogo, é uma representação de máscara africana; ao utilizá-la, o personagem se torna mais forte e imponente, assim como o que a máscara representava para os povos africanos.


- Conclusão:

Para fazer uma leitura das obras africanas, devemos levar em consideração os aspectos culturais, ou seja, analisar o contexto em que a obra foi produzida, a visão de mundo do povo que a produziu, suas características étnicas, antropológicas e históricas. Devemos, ainda, observar os aspectos artísticos, a singularidade estética e visual, bem como as noções do belo e suas regras na composição e estilo.
O “Belo” e o “Feio” não fazem parte das artes africanas no sentido estético exterior. Quanto mais a peça conseguir cumprir o papel para o qual foi produzida, maior será seu valor e grau de beleza.
Mesmo sendo, em um primeiro momento, rejeitada, a arte africana foi reconhecida e inspirou grandes artistas. Foi precursora de novos movimentos artísticos, influenciou culturas, como a brasileira e, atualmente, é referência para diversos aspectos culturais e está presente na mídia, publicidade e entretenimento.


- por Roberta Rodrigues e Carolina Marquesim.






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