A produção estética dos africanos
demorou um pouco para ser reconhecida e devidamente considerada, sofreu
bastante preconceito e depreciação. Foi, por muito tempo, avaliada como objeto
científico e que servia apenas a rituais e sacrifícios, sendo feita apenas de
“ídolos toscos e disformes”.
No entanto, todas as sociedades
possuem sua arte. Hoje, a arte africana é procurada por grandes colecionadores
e apreciadores de arte, e suas técnicas milenares e formas sofisticadas são
devidamente reconhecidas. Porém, o que cada máscara e estátua representava
naquele ambiente de rochas, matas, fontes, palácios e templos, isso nunca mais
poderá ser recuperado.
Em um primeiro momento, a arte
africana representa os costumes das tribos africanas, sendo seu objeto de arte
estritamente funcional, desenvolvido para ser utilizado na ligação ao culto dos
antepassados e voltado para o espírito religioso. É uma arte fundamentalmente
representativa.
Não se considera a arte africana
uma arte primitiva. Existem peças datadas desde o século V a.C, mas muitos
dados foram perdidos: objetos destruídos, queimados e fragmentados por conta do
domínio ocidental e da moral cristã, durante o período colonial da África
(1894-1960).
Mesmo assim, objetos que
sobreviveram a este contexto contam muito de si mesmos por meio de suas
texturas e volumes. São padrões e modelos que identificam sua origem,
aparecendo também na arquitetura e na arte corporal. As estátuas revelam, por
exemplo, os penteados nos cabelos das pessoas, aquele trançado que os
identificava. Algumas delas representam sempre uma figura humanacom alguma
parafernália de outro material vegetal, mineral ou animal, aludindo à
consciência do Homem sobre a Natureza e sua relação direta com ela.
Os principais produtos artísticos
oriundos da África são as máscaras e esculturas em madeira, objetos de forma
angulosa, assimétrica e distorcida. Para o povo da sociedade africana, esses
objetos eram sagrados, que traziam um espírito ancestral ou da natureza.
As esculturas africanas nada
tinham de reais, muito pelo contrário. Formas verticais, tubulares e membros do
corpo alongados, eram também consideradas sagradas e acreditava-se que podiam
atrair a destruição ou distribuir bênçãos.
As máscaras eram utilizadas em
celebrações rituais, intencionalmente não-realistas, pois acreditava-se que
quem as utilizasse deveria esconder sua verdadeira identidade atrás deste rosto
artificial.
Os pesos de ouro.
Existiu, na África Ocidental, um
império chamado Império Ashanti. Foi um Estado pré-colonial que se enriqueceu
com o comércio do ouro extraído do seu território. Hoje é a região de Ashanti,
em Gana.
A cultura material dos ashanti é
conhecida por su.a tradição na produção de figuras de metal, os chamados pesos de ouro, que eram fundidos pelo
método da cera perdida. Essas peças
não eram de ouro, mas sim de bronze ou latão e serviam como contrapeso para
medir o pó de ouro. Tais peças são símbolos desta cultura e fazem parte de uma
das produções tradicionais de arte africana.
Influências da Arte Africana:
No Brasil
No
contexto do tráfico de escravos, trazidos da África para o Brasil pelos
portugueses durante o período colonial e imperial, a arte africana chegou no
Brasil. Alguns elementos artísticos africanos fundiram-se com aspectos
artísticos e culturais dos indígenas, o que resultou em uma arte
afro-brasileira.
Artistas Modernistas
*Pablo Picasso
Por volta de 1905, Pablo Picasso
começou a desenvolver este estilo, quando fez uma visita a uma exposição de
arte africana , no Museu do Homem de Paris. A independência da tradição
europeia que caracteriza esta arte foi o que mais atraiu e inspirou o artista.
A magia que as máscaras
carregavam e sua simplificação das formas tornaram-se referência para alguns
artistas modernistas e em especial ao Picasso. Influenciado por elas, começou
uma nova fase em suas obras, o que alguns estudiosos denominam de protocubismo
(antecedente do cubismo).
“Senti que eram muito
importantes. As máscaras não eram apenas peças esculpidas...eram magia” –
Picasso
O quadro “Les Demoiselles
d’Avignon” marcou a mudança de estilo de Picasso, nele a influência da arte
africana está evidente. Foi o quadro que marcou a transição da fase de
influência africana para o Cubismo propriamente dito.
É possível notar nas duas imagens
à direita, os rostos semelhantes às máscaras. As cores utilizadas são
predominantemente terrosas, forte referência às cores das máscaras africanas.
Nota-se, ainda, a pintura feita
em planos irregulares e figuras distorcidas, aludindo às distorções do entalhe
africano.
*Outros artistas
Braque, Cézanne e Matisse também experimentaram da cultura
africana e a reproduziram em suas obras.
Na publicidade.
- Mc Donald's
O
Mc Donald’s utilizou as máscaras africanas para suas propagandas da Copa do
Mundo na África.
Além de banners e propaganda de revista, o Mc Donald’s
utilizou os animais africanos representados em suas embalagens.
- Greenpeace
Picasso - Guernica
|
- Logo Olimpíadas Rio de Janeiro.
A Dança – Matisse
|
Em Jogos de internet - Jogo Crash
Uma referência da arte africana
no cotidiano infantil é no jogo Crash, um game de computador.
A máscara “Aku Aku” utilizada pelo personagem do jogo, é uma representação de máscara africana; ao utilizá-la, o personagem se torna mais forte e imponente, assim como o que a máscara representava para os povos africanos.
A máscara “Aku Aku” utilizada pelo personagem do jogo, é uma representação de máscara africana; ao utilizá-la, o personagem se torna mais forte e imponente, assim como o que a máscara representava para os povos africanos.
- Conclusão:
Para fazer uma leitura das obras
africanas, devemos levar em consideração os aspectos culturais, ou seja,
analisar o contexto em que a obra foi produzida, a visão de mundo do povo que a
produziu, suas características étnicas, antropológicas e históricas. Devemos,
ainda, observar os aspectos artísticos, a singularidade estética e visual, bem
como as noções do belo e suas regras na composição e estilo.
O “Belo” e o “Feio” não fazem
parte das artes africanas no sentido estético exterior. Quanto mais a peça
conseguir cumprir o papel para o qual foi produzida, maior será seu valor e
grau de beleza.
Mesmo sendo, em um primeiro
momento, rejeitada, a arte africana foi reconhecida e inspirou grandes
artistas. Foi precursora de novos movimentos artísticos, influenciou culturas,
como a brasileira e, atualmente, é referência para diversos aspectos culturais
e está presente na mídia, publicidade e entretenimento.
- por Roberta Rodrigues e Carolina Marquesim.
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